Em 1995 quando foi
criada a série Açores de Futebol, eu já tinha uma experiência
de dirigente desportivo
na 3ª divisão e na antiga 2ª divisão nacional há 12 anos. Entendi na altura que
a melhor solução para o futebol dos Açores era seguir os passos das
Ilhas Faroe, do País de
Gales ou da Escócia e criar uma Associação de Futebol que organizasse o futebol
nos Açores e se fi liasse na UEFA e na FIFA. Este meu projecto não teve apoio
das nossas Associações que optaram pela série Açores integrada no Campeonato
Nacional da 3ª Divisão organizado pela F.P.F. .Paradoxalmente o Eng.ºVítor Vasques,
então presidente da FPF e que fora convidado para a cimeira que
decidiu a criação da
série Açores foi a única pessoa que deu uma opinião favorável dizendo que o meu
projecto tinha pés para andar. Ao longo dos anos tenho defendido
sempre este projecto junto
de outros dirigentes desportivos, de atletas, de treinadores, de jornalistas e
de políticos e na generalidade ninguém concorda. Uns pensam que a
UEFA e a FIFA não
aceitariam a nossa fi liação, outros dizem que o novo figurino não tem
viabilidade financeira, outros porque os Açores não são politicamente
independentes, outros acham que os Açores são uma região muito pequena e
outros simplesmente
preferem a actual situação. A estas questões eu pergunto… E estas regiões atrás
mencionadas, são independentes? Serão as Ilhas Faroe com cerca de
50 mil habitantes
maiores que os Açores? Será que a actual situação com grandes custos e sem
retorno nenhum é mais favorável? E muitasoutras questões haviam para levantar.
Em 24 e 25 de Março de
2006, o Clube Desportivo Santa Clara organizou o primeiro Congresso do Futebol
Açoriano em Ponta Delgada, e eu levantei esta questão, tendo
a mesma despertado
algum interesse por parte do Director Regional dos Desportos da altura que no
fi nal do congresso falou comigo e com oDr. Luciano Melo (organizador do
congresso) no sentido de ser criado um grupo de trabalho para estudar a
questão, mas foi um assunto que não passou desta intenção. A experiência destes
anos diznos
que cada vez que um
clube dos Açores participava ou subia um nível nos campeonatos nacionais de
futebol, as consequências futuras eram uma monstruosa crise fi nanceira
com os clubes a
perderem todo o seu património e alguns a desaparecereme com consequências
nefastas para muitos dirigentes. Os nossos atletas, alguns verdadeiros
talentos nas camadas
jovens, quando atingem a idade sénior deixam de jogar por nunca serem opção nos
clubes que participam nos campeonatos nacionais que preferem sempreos jogadores
estrangeiros. Por outro lado, assistimos á grande evolução, por exemplo, do
futebol nas Ilhas Faroe com os seus clubes a participarem nas provas
europeias com a sua
selecção a jogar as fases de qualifi cação dos
campeonatos do mundo e
da Europa (em ciclos de 2 anos fazem no
mínimo 15 jogos) e
ainda recebem da UEFA e/ou da FIFA os prémios de participação no valor de
alguns milhões de euros que podem aumentar se conseguirem pontos. Nós
por cá vamos gastando
milhões sem qualquer tipo de retorno e com os
resultados que todos
conhecemos Para aqueles que pensam que os Açores não podem fazer parte deste
futebol ao mais alto nível, vejam a decisão do último congresso da
UEFA que decidiu
admitir o rochedo de Gibraltar (tem um terço da superfície da nossa ilha do
Corvo)e vejam se é possível compará-los
com os Açores. É mesmo
caso para perguntar!...
E O BURRO SOU EU
Autor: Aires Ferreira
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