quarta-feira, setembro 18, 2013

E O BURRO SOU EU...


Em 1995 quando foi criada a série Açores de Futebol, eu já tinha uma experiência

de dirigente desportivo na 3ª divisão e na antiga 2ª divisão nacional há 12 anos. Entendi na altura que a melhor solução para o futebol dos Açores era seguir os passos das

Ilhas Faroe, do País de Gales ou da Escócia e criar uma Associação de Futebol que organizasse o futebol nos Açores e se fi liasse na UEFA e na FIFA. Este meu projecto não teve apoio das nossas Associações que optaram pela série Açores integrada no Campeonato Nacional da 3ª Divisão organizado pela F.P.F. .Paradoxalmente o Eng.ºVítor Vasques, então presidente da FPF e que fora convidado para a cimeira que

decidiu a criação da série Açores foi a única pessoa que deu uma opinião favorável dizendo que o meu projecto tinha pés para andar. Ao longo dos anos tenho defendido

sempre este projecto junto de outros dirigentes desportivos, de atletas, de treinadores, de jornalistas e de políticos e na generalidade ninguém concorda. Uns pensam que a

UEFA e a FIFA não aceitariam a nossa fi liação, outros dizem que o novo figurino não tem viabilidade financeira, outros porque os Açores não são politicamente independentes, outros acham que os Açores são uma região muito pequena e

outros simplesmente preferem a actual situação. A estas questões eu pergunto… E estas regiões atrás mencionadas, são independentes? Serão as Ilhas Faroe com cerca de

50 mil habitantes maiores que os Açores? Será que a actual situação com grandes custos e sem retorno nenhum é mais favorável? E muitasoutras questões haviam para levantar.

Em 24 e 25 de Março de 2006, o Clube Desportivo Santa Clara organizou o primeiro Congresso do Futebol Açoriano em Ponta Delgada, e eu levantei esta questão, tendo

a mesma despertado algum interesse por parte do Director Regional dos Desportos da altura que no fi nal do congresso falou comigo e com oDr. Luciano Melo (organizador do congresso) no sentido de ser criado um grupo de trabalho para estudar a questão, mas foi um assunto que não passou desta intenção. A experiência destes anos diznos

que cada vez que um clube dos Açores participava ou subia um nível nos campeonatos nacionais de futebol, as consequências futuras eram uma monstruosa crise fi nanceira

com os clubes a perderem todo o seu património e alguns a desaparecereme com consequências nefastas para muitos dirigentes. Os nossos atletas, alguns verdadeiros

talentos nas camadas jovens, quando atingem a idade sénior deixam de jogar por nunca serem opção nos clubes que participam nos campeonatos nacionais que preferem sempreos jogadores estrangeiros. Por outro lado, assistimos á grande evolução, por exemplo, do futebol nas Ilhas Faroe com os seus clubes a participarem nas provas

europeias com a sua selecção a jogar as fases de qualifi cação dos

campeonatos do mundo e da Europa (em ciclos de 2 anos fazem no

mínimo 15 jogos) e ainda recebem da UEFA e/ou da FIFA os prémios de participação no valor de alguns milhões de euros que podem aumentar se conseguirem pontos. Nós

por cá vamos gastando milhões sem qualquer tipo de retorno e com os

resultados que todos conhecemos Para aqueles que pensam que os Açores não podem fazer parte deste futebol ao mais alto nível, vejam a decisão do último congresso da

UEFA que decidiu admitir o rochedo de Gibraltar (tem um terço da superfície da nossa ilha do Corvo)e vejam se é possível compará-los

com os Açores. É mesmo caso para perguntar!...

 

E O BURRO SOU EU

Autor: Aires Ferreira

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