Pedrada no Charco II
Vamos constando no futebol de
formação que todas as épocas são marcadas por um grandenúmero de atletas que
mudam de clube. Creio que importa analisar a frio o que está na origem deste
pingpong de atletas. Uma parte, resulta por iniciativa dos encarregados deeducação
que querem ver o filho no clube, que no plano teórico, seja o mais forte
candidato a vencer asprovas onde irá participar, mesmo sabendo à priori que
levando o filho para aquele clube, as possibilidades de o atleta jogar
regularmente sejam diminutas. Outra causa paraeste ping-pong, resulta do
mal-estar acumulado durante o decorrer da época entre alguns dos
“visionários”encarregados de educação que vão discordando dos métodos e das opções
do treinador e, de forma irreflectida e autoritária optam, independentemente da
vontade do filho, por o levar para outro clube. Em muitos casos chegam ao extremo
de o retirar da prática desportiva antes de terminada a época. Mas não se pense
que este ping-pong resulta apenas destes actos inconsiderados de alguns
encarregados de educação. Em muitas situações são os próprios treinadores que
estão no futebol de formação tendo como único objectivo a busca de títulos, que
vão tentando em pleno defeso convencer atletas e respectivos encarregados de educação
de que estão a construir equipas que irão vencer tudo, nem que isso fosse o
mais importante em processo de formação. Certo é que alguns atletas e
encarregados de educação cedem aos intentos dos treinadores que autointitulam- se
os treinadores da nova vaga/geração. Por fim uma palavra aos dirigentes de alguns
clubes que vão pactuando com este tipo de “política” desportiva, o que se
lamenta, aliás, o aceitar/corroborar com estes procedimentos não é mais do que
em muitos casos gerar ódio a alguns clubes,noutros aumentar esse mesmo ódio, como
tem ficado bem patente em alguns jogos no futebol de formação que terminam em
verdadeiras batalhas campais.Impõe-se uma ruptura com o passado recente, urge
convergir num único sentido, o da prática desportiva pela prática desportiva,
onde clubes, dirigentes, encarregados de educação, treinadores e atletas tenham
oseu antagonista como adversário e não como inimigo, tendo consciência que sem
adversários não será possível competir, e que para evoluir competindo é
necessário que os adversários tenham qualidade. Não é possível evoluir no plano
desportivo se a “política” continuar a ser a de enfraquecer os adversários,
retirando-lhes os atletas de valor.
Humberto Rosa
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