A falta de liquidez nas finanças regionais tem afectado quase toda as áreas que dependem de verbas do Governo, que directa ou indirectamente abrangem o quotidiano destas ilhas.
O desporto, como actividade não prioritária, é uma das que mais tem sofrido. Em silêncio... público. Nas conversas e nas reuniões é um tema em destaque.
Os significativos atrasos nas transferências das verbas já contratualizadas e a falta da assinatura dos contratos programa para este ano, levam os clubes açorianos a desesperarem. Principalmente os que estão nas provas nacionais e regionais.
Numa ronda por alguns dos clubes, todos foram unânimes em demonstrarem a sua preocupação. Mas ninguém ousou em dizê-lo publicamente.
“Não me admiro se a continuarem a não disponibilizar as verbas em atraso, possa haver um clube ou outro que dê falta de comparência num jogo a realizar noutra ilha”, disse um dos dirigentes contactados, que esperava esta semana ter recebido luz verde para ter acesso ao dinheiro, como circulou entre os clubes, as associações de modalidade e as empresas. “Mas o mesmo se passa com os clubes que estão nos campeonatos nacionais, já que tenho conhecimento de situações bem mais complicadas do que a nossa para terem crédito que permita às equipas viajar quinzenalmente até ao Continente”.
Há quem fale numa situação semelhante à da Madeira, cujos clubes sentiram dificuldades tremendas, ao ponto de alguns terem acabado por serem eliminados devido às faltas de comparência.
“Não é só a questão das dívidas para com as agências de viagens, para com a Sata, são também os adiamentos nos pagamentos a fornecedores de medicamentos, de produtos para as lavandarias e para quem nos presta assistência médica e para os postos de abastecimento de combustíveis”, disse um outro director, que comunga os problemas “de outros dirigentes, com quem tenho falado”.
CIMEIRAS ADIADAS
As habituais cimeiras com as associações desportivas, que começavam no mês de Janeiro, não se têm realizado. Há associações que pretenderam marcá-las quanto antes, mas sem sucesso. A Direcção Regional do Desporto tem estado em silêncio. Até ontem. Pelo menos já há uma indicação de que serão em Fevereiro. Diz-se que enquanto não houver a certeza de qual a percentagem na redução das verbas para o desporto, não haverá reuniões.
Pela mesma razão ainda não foram assinados os contratos programa com os clubes de cada ilha, elaborados pelos Serviços de Desporto locais, destinados à formação.
A expectativa sobre o valor dos cortes para este ano é grande. “Já ouvimos falar que será numa percentagem que põe em causa toda a actividade das associações desportivas, sendo quase certo o termo das competições regionais dos vários escalões”, adiantou-nos um dirigente de uma associação de modalidade de pavilhão.
Depois da redução de 10% em 2011, de 15% em 2012, fala-se que o valor percentual “será acentuado, mas estaremos atentos porque há rubricas que deveriam sofrer cortes mais significativos e que não irão tê-los comparativamente com as “escolinhas do desporto”, por exemplo, que tem sido a primeira abordagem das crianças às mais variadas modalidades”, rematou.
“Nós percebemos que haja cortes, que a actividade seja repensada, mas serão os responsáveis governamentais, mais as estruturas ligadas à área, a nos dizerem o que pretendem para o nosso desporto face ao panorama de crise acentuada”, disse o mesmo dirigente associativo, que não esquece “todas as intenções para o desporto do presidente, Vasco Cordeiro, mas, que, infelizmente, não serão concretizadas, porque afinal ou não estava por dentro da realidade, o que me surpreende atendendo ter feito parte da estrutura dos governos anteriores, ou porque acabou por ir na onda das promessas eleitorais cujos políticos sabem não serem possíveis de concretizar”.
P.S. É uma situação agoniante para os clubes. O desporto açoriano tem que ser repensado, porque gasta-se muito dinheiro sem o tê-lo...Eu sou apologista de termos equipas nos nacionais mas com equilíbrio, pelas minhas contas, qualquer dia existe mais nos campeonatos nacionais que nos regionais...Depois, os clubes habituaram-se mal, o governo é a santa casa da misericórdia, não pode ser!
Eu gostava de saber e, se alguém souber, quantos jogadores açorianos foram valorizados com este desporto de ricos???? Quantos clubes fecharam as portas???? Desporto de ricos e enganador, porque as pessoas pensam uma coisa e, depois, quando dão por si estão bem entaladas.
Por isso mesmo, devido ao contexto actual, tem que se repensado, estudando as melhores formas ou então caminhos a seguir nestes tempos muito difíceis que por ai chegam...
Medina
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