terça-feira, dezembro 09, 2014

Adeus Santa Clara?!
O meu querido Santa Clara está a caminho da despromoção. Mais certo do que dois e dois somar catorze! Vem novo treinador – diz-me amigo de longa data – e isto vai mudar para melhor.”
Chama-se a isto, optimismo.
Cá por mim acredito mesmo que o Santa Clara vai cair e essa queda pode implicar mais do que a simples descida, já que em jogo pode estar a própria conti­nuidade da velha colectividade de Ponta Delgada. “A dívida é tão grande que não sei como arranjar maneira de sobreviver sem os dinheirinhos do gover­no regional” – disse-me o tal amigalhaço, sempre com ar muito triste, como aquele que está prestes a perder uma sogra muito estimada.
Muito sinceramente não acre­dito que o clube desapareça do mapa. Há por ali um historial muito grande a preservar e muita gente com peso e alma suficientes para não deixar o barco afundar. Quanto muito, a equipa principal do Santa Clara terá de passar a trilhar caminhos mais arduosos e menos conhecidos, e logo que o faça com o orgulho que caracteri­zou o clube ao longo de 100 anos ficamos na mesma satisfeitos e bem servidos.
No tocante aos dinheirinhos do endinheirado (salvo seja!...) Governo Regional dos Açores, sempre fui de opinião que é o dinheiro mais mal gasto da região, tão carecida em outros sectores da vida co­mum, nomeadamente a falta de infraestruturas no desporto em geral.
Imaginem, por exemplo, o que poderia ser feito ou construído com os dois milhões e meio de euros (ano) que o Santa Clara tem vindo a receber ao longo dos anos que esteve na I e II Ligas do futebol nacional. Esse dinheiro, apregoa-se, faz parte do pacote destinado à divulgação da região, o que a ser verdade não existe mentira mais flagrante. Basta ver os jogos do Santa Clara em casa para deduzir que dos cem ou duzentos espectadores presentes em cada jogo só meia dúzia, se muito, vieram do outro lado, apro­veitando talvez o bilhetinho da SATA mais baratinho para o efeito. Com o tal montante, promovia-se não só o futebol como outras modalidades, apetrechando vilas e freguesias com recintos desportivos adequa­dos, empregavam-se jovens estudiosos e inteligentes formados na matéria, e nesse campo são muitos os que esperam uma oportunidade para mostrar o seu valor.
Por outro lado, nunca engoli essa de ver o meu Santa Clara embaixador dos Açores na divulgação de uma região partida em nove bocados, ou bocadinhos. Certo que conquistou esse direito em campo, partindo na altura em iguais circunstâncias com os demais concorrentes, certo seria também que a partir do momento em que subiu ao poder teria de ser englobado num sistema mais abrangente, ou seja esticar o nome para a tal janela açoriana e uma vez por outra receber os adversários do outro lado na Terceira, Pico e Horta. Essa sim, seria uma oportu­nidade de divulgar os Açores, dando oportunidade aos amigos do continente de ver outras ilhas, e que bonitas são elas todas. Independentemente do que vier a acontecer à minha equipa e clube do coração, não vou pregar para outra freguesia ou mudar de religião. Porque por ali passei um pouco da minha irreverente ju­ventude e porque ali comecei por aprender a respeitar companheiros e adversários.
Mais, defendo acerrimamente que o primeiro amor tem sempre um lugar especial no nosso coração. Caso contrário, não começava a chorar quando a minha Matilde diz: “não estás satisfeito? A porta está aberta!
Com este frio?!...

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