quinta-feira, julho 15, 2010

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES A TER NO TREINO COM JOVENS





Introdução                              



De facto, o acto de treinar tem como objectivo a melhoria das prestações desportivas, a capacidade de superação, a vontade de se ser cada vez mais proficiente. Diria que está é uma verdade “La Paliciana”. Todavia, na hora de definir objectivos e metas a atingir, importa conhecer aqueles que são os alvos do nosso labor. Significa isto que, treinar crianças e adultos, prevê a adopção de diferentes metodologias, pois estamos perante fases diferentes de desenvolvimento. Esta é também uma daquelas verdades que ninguém desmente, mas o que é certo é que aquilo que por ai mais abunda é a existência de processos de treino semelhantes, para atletas completamente diferentes. Importa, assim, definir com algum rigor e clareza alguns dos pressupostos a ter em conta quando se projecta uma forma de trabalhar. Os tópicos que se seguem não pretendem encerrar o assunto, nem tão pouco esgotá-lo, mas tão somente, alertar para uma panóplia de situações que não devem ser olvidadas.



A Saber:



1. Não deve o Treinador/Educador utilizar métodos de treino idênticos ou semelhantes ao treino dos adultos. De facto, as ferramentas motoras e psicológicas das crianças, são manifestamente diferentes das dos adultos. Não nos referimos, apenas, ao volume e intensidade dos treinos, mas muitas vezes à complexidade das tarefas que se encontram desajustadas das potencialidades dos jovens.



2. Não deve dar importância aos resultados imediatos. As exigências feitas pelos dirigentes e o tratamento dado aos jovens futebolistas e aos educadores / treinadores, são muitas vezes idênticas ao tido para com os adultos, na sua faceta mais negativa. O melhor resultado a atingir no treino com jovens é a promoção da actividade física, como fonte de uma vida activa, e por isso mesmo, mais saudável. Incutir nos jovens valores como a justiça, respeito e a solidariedade, também deverá ser um imperativo. Todavia, é demasiado evidente que devemos ensinar os atletas a querer ganhar, pois é um mau competidor que não joga para vencer. Todavia, a vitória pode assumir diversas facetas que não passará segura e exclusivamente pelo resultado.



3. É fundamental que o Treinador/Educador de uma forma clara entenda que o futebol Infanto - Juvenil é uma Escola de Jogadores de Futebol. Assim como a Escola Tradicional pretende dar uma Formação académica aos Cidadãos para que mais tarde possam vir a ser integrados na sociedade, também o desporto pode contribuir através dos valores em que a prática desportiva é virtuosa.



4. Ensinar o jogo através de formas jogadas e estruturas adaptadas à idade dos jovens. (bola, balizas, campo, nº jogadores). Na verdade, só se aprende a fazer, fazendo. Jogar, implica assumir a responsabilidade de antagonizar com outro, medindo forças. O maior prazer da criança é o jogo, mas o jogo, nas primeiras fases, deve assumir uma forma mais simples. Ser mais simples, não significa ser menos importante, mas tão somente, adaptado à realidade da criança.



5. Deve promover actividades lúdicas. A motivação é a razão que nos leva a fazer algo. De facto, se a prática do Futebol não for prazerosa, levará a criança ao descontentamento e frustração. Depois não nos devemos admirar que o caminho da desistência seja a melhor saída.



6. As escolas Futebol devem ser para todos os jovens que queiram praticar esta modalidade, mesmo quando possuam menos habilidade que os outros jovens do mesmo grupo. Na verdade, a Escola tradicional não é apenas para os mais dotados, mas para todos os jovens. Depois, alguns tirarão maior proveito dela, mas todos têm o direito à mesma. Ora, situação semelhante se passa com o futebol. Todos deverão ter o direito de jogar, sabendo à partida que só os mais aptos chegarão a patamares superiores.



7. Os Treinos devem realizar-se onde os jovens futebolistas se sintam motivados e integrados para o efeito.



Conclusão



Voltamos a reiterar a ideia de que aquilo que se acaba de expor é um brevíssima reflexão acerca do treino com jovens. Não foi, nem é nossa ideia criar uma panaceia, mas simplesmente levantar algumas questões sobre as quais importa reflectir, sobretudo, aqueles que se dedicam ao labor com os mais jovens.



Texto: António Pinheiro – Treino de Futebol Nível II UEFA Basic.



3 comentários:

FM disse...

Ora aqui está um belo texto teórico e que tantos têm relutância em levar á prática. O treino e a competição são totalmente diferentes em jovens e em adultos, mas os resultados...
Defendo à muito nas nossas conversas que um dos grandes problemas da mentalidade "de resultados" dos nossos treinadores de formação deriva de um modelo competitivo errado, decalcado do modelo sénior.
Se a pressão competitiva fosse retirada do calendário, a competição seria mais uma ferramenta de treino a pensar no futuro atleta e não uma forma de engrandecer(?) o palmarés do clube.
Bom texto. Um abraço, saúde e boas férias.

FM disse...

Desculpem a calinada no português. Devem substituir o "à muito" por "há muito" em prol de uma boa formação...

Medina disse...

Amigo FF,

Com o teu depoimento o texto ficou completo.

Um grande abraço e boas férias

Obrigado

Medina