quinta-feira, julho 29, 2010

A GRANDE VIAGEM À CALIFÓRNIA.

As minhas histórias.............




O Futebol Clube da Madalena programou uma viajem à Califórnia no verão de 1979. A partida para São Francisco foi no mês de Agosto, logo no seu inicio.

Eu estava num dilema, porque no mês de Abril, estive a representar a selecção da Associação de Futebol da Horta, no torneio da Pascoa, realizado no Faial, com a participação das selecções de juvenis de São Miguel, Terceira e Selecção Nacional, composta por jogadores que mais tarde fizeram furor no futebol Português, entre os quais estava o Venâncio, Bandeirinha, Victor Nódoa e outros.

Como o torneio correu-me bastante bem, comecei a partir daqui a receber diversos convites para representar outros clubes, entre os quais do F.C.Porto, Santa Clara, Lusitânia, falava-se no Benfica e que iria representar a selecção Nacional, o que me veio baralhar por completo a minha ida à Califórnia e a minha tranquilidade do dia à dia.

Lembro-me que tivemos, em minha casa, com os meus pais algumas conversas, sobre o que iríamos fazer ao meu futuro como jogador de futebol e como homem. Era muito jovem e meus pais não estavam muito de acordo com a minha saída de casa tão cedo, mas mesmo assim, meu Pai não se oponha à minha ida para o Porto só que, minha mae tinha que ir comigo. O tempo foi passando, por vezes estava com muita vontade de ir e de outras, ficava apreensivo. Esqueci dos convites e renovei contrato com o F.C.Madalena ( porque são iam jogadores que tivessem assinado), porque queria ir à Califórnia. Nunca pensando que se fosse para o F.C.Porto podia ter ido muitas mais vezes para as Califórnias, e poderia ter tido outra carreira, mas enfim….

Mas vamos ao que interessa para esta história. Antes de regressarmos ao Pico, fizemos o nosso ultimo jogo de despedida em S. Leandro. Logicamente que depois dos jogos que realizamos havia sempre grandes banquetes. Mas este era diferente porque era o adeus a uma terra fantástica, e por isso havia uma atmosfera de alegria mas também de alguma tristeza. Depois do jogo houve um grande jantar e um grande baile, baile esse abrilhantado por um conjunto da zona mas que tinha um cantor da Ribeirinha do Pico ( Não recordo do nome...), radicado na zona à muito tempo.

Eu e o Mário Nogueira, ficamos na casa do amigo Manuel, cunhado de meu tio José Medeiros , mestre das lanchas do Pico. Bela casa, bela gente, não faltava mesmo nada. Lembro-me de ouvir relatos de futebol de Portugal na garagem dele logo pela manha. A diferença horaria era de 7 horas e ouvindo um Sporting, Porto tão cedo fazia-me muita confusão. Recordo-me que foi no ano que os jogadores craques do Porto fizeram greve e vieram a Alvalade com uma equipa mais débil, mesmo assim, ganharam o jogo por 2-0, golos de Albertino. Meu amigo Manuel Ficou doente porque o seu Sporting, levou na “ cabeça”. Voltando à festa, depois de comermos e dançarmos à grande, preparamos para voltar a casa, que ficava em São José. O Manuel tinha uma Caravana, em que podia levar muita gente. Na cabine da frente ia o Manuel, a Alice ( esposa ) e atrás íamos uns quantos, entre eles o José António Soares, Mário Nogueira, Renato, Guido, filha do Manuel , algumas amigas e a minha pessoa.

Entrámos no Freeway e passado pouco tempo o motor do carro começou a aquecer demais o que obrigou-nos a estacionar na faixa de segurança. Saímos todos do carro para saber o que se passava. O carro nada de pegar e resolvemos pedir ajuda a quem ia passando. Passado pouco tempo, nesta altura ainda não havia telemóveis, parou um carro, com um casal de mexicanos. O Manuel falou com eles a dizer o que se passava, e se podiam fazer o favor de irem a uma “ Garestacion” e mandar um reboque para levar o nosso carro. Foram muito simpáticos e disseram-nos que iam nos ajudar.

Como estava um pouco frio voltamos para dentro da nossa caravana, esperando pela abençoada ajuda dos mexicanos. Eu fiquei mesmo na porta de saída, com ela um pouco aberta, para indo vendo quando chegava o reboque e o movimento na estrada, estou falando para ai umas 3 horas da manha.

Estava eu na minha missão, quando de repente veijo um grande alvoroço de carros da policia, parando uns atrás dos outros, com as luzes acesas, portas abertas, armas de fora e prontas a disparar. Parecia um filme de Hollywood. Pensamos que não era nada connosco. Quando não é o nosso espanto, um carro ficou mesmo atrás do nosso e de repente oiço uma voz potente e nervosa de um policia americano “Ganes, Ganes Ganes” , mandaram-nos sair rápido do carro, mãos no alto, nada de movimentos bruscos e fomos revistados um a um.

 A coisa esteve feia por uns momentos, porque a policia americana não brinca em serviço e tememos o pior. O Manuel só dizia que não tínhamos ganes, que o carro estava avariado e que tínhamos pedido ajuda a uns mexicanos, mas não estava nada fácil. Eu tremia de medo e de nervos, nem podia falar. Depois de um certo tempo e após revistarem o carro de alto abaixo o ambiente ficou mais calmo e ai o Manuel conseguiu explicar o que tinha acontecido, e que nós éramos Portugueses, e que iríamos voltar no dia seguinte a Portugal.

 O que aconteceu para haver esta confusão toda. Os mexicanos em vez de irem ao lugar que pedimos, foram, mas foi à policia dizer que nós tínhamos armas e que os tinham ameaçado. Partimos todos a rir e prontificaram-se logo para nos ajudar. Viemos todos em carros da policia americana, eu ia na frente porque tinha as pernas grandes, arma pendurada ao meu lado, policia maior do que eu, era um espectáculo.

Deixaram-nos numa zona da cidade e disseram-nos se fosse preciso alguma coisa era só contacta-los. Depois amigos nossos, deram-nos boleia para os lugares onde estávamos hospedados e preparamos para regressar o Pico. Claro que a conversa durante a viagem foi os mexicanos…..



Medina

1 comentário:

César João disse...

Caro amigo,
eu também passei por uma situação praticamente idêntica,mas em Boston,e sem mexicanos.