segunda-feira, janeiro 10, 2011
Câmaras reveém em baixa os apoios aos clubes desportivos.
A crise é a grande culpada das reduções que vão desde os cinco até aos trinta por cento. Reflexos só se farão sentir no planeamento da época 2011/12.
A crise financeira que se instalou um pouco por todo o mundo está a motivar cortes nos apoios que as câmaras municipais dos Açores atribuem aos clubes desportivos que representam os respectivos concelhos em provas de âmbito nacional em diferentes modalidades.
A palavra de ordem é para reduzir e se algumas câmaras até se anteciparam com reduções antes do final de 2010, outras estudam como fazê-lo neste mês de Janeiro, período durante o qual os planos de apoio ao desporto são discutidos.
É o caso da câmara municipal de Lagoa, ilha de São Miguel, que se prepara para assinar os contratos com os clubes do concelho, nomeadamente com o Operário e o Santiago, os mais representativos. Ainda não existem certezas quanto ao valor a reduzir mas tudo aponta para que não seja inferior aos cinco por cento.
Por exemplo, o Operário recebia tranches mensais de 16.800 euros mas com o corte percentual perde quase mil euros por mês, o que num ano são menos doze mil euros. Esta quebra nos apoios já motivou por parte da Direcção do clube, presidida por Gilberto Branquinho, a uma retracção nos investimentos – o plantel sénior é curto e a tendência é para reduzir o número de efectivos – mas só na planificação da temporada 2011/12 é que se terá uma real percepção dos efeitos da crise.
Na ilha Terceira, as câmaras de Angra do Heroísmo e Praia da Vitória vão cortar pela mesma medida e tudo aponta para que a diminuição chegue aos dez por cento. Praiense, Lusitânia, Angrense e Fonte do Bastardo são os emblemas mais afectados.
Mas é na ilha do Pico onde a crise mais se sente no que às transferências para os clubes diz respeito. O município da Madalena começou por suspender o prémio por mérito desportivo e depois ainda cortou trinta por cento nos contratos celebrados com as agremiações desportivas.
Contas feitas, Madalena, Boavista de São Mateus e Candelária, por exemplo, passam a receber menos 57 mil euros. Entre Janeiro e Maio de 2011 muita ginástica financeira terão os dirigentes que fazer para garantir o cumprimento dos compromissos assumidos no início da época.
Para já, a câmara de Ponta Delgada é das poucas que ainda não abriu o livro aos cortes orçamentais e a presidente, Berta Cabral, apesar de sensível à conjuntura actual, quer dar primazia à manutenção dos apoios definidos até porque como tem mais clubes no concelho a repartição dos montantes dá menos a cada um.
Para se ter uma ideia, enquanto um clube da ilha do Pico que disputa a série Açores da III divisão recebe em média 150 mil euros anuais, um de Ponta Delgada que disputa a mesma prova pode nem chegar aos 10 mil euros de apoio camarário.
Acácio Mateus
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1 comentário:
Vai ser a queda (já prevista) dos investimentos desportivos no Pico.
Ao fim de mais de 30 anos os erros tendem a repetirem-se até ao infinito.
Investimento sem projecto desportivo a médio-longo prazo, resulta em dinheiro mal gasto, dividas, clubes falidos e sem actividade desportiva.
Aconteceu em S.Miguel, Terceira, provavelmente em outras ilhas mais pequenas (Minhocas das Flores, por exemplo) e agora no Pico. A crise financeira vai (será?) obrigar a voltarmos ao principio: equipas com os miúdos da casa, campeonatos locais e um ou dois representantes mais "robustos" nos nacionais. E talvez não seja mau...
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