Obrigado, José Silva
07 Dezembro 2010 [Opinião]
Soube a semana passada, que tinhas deixado de trabalhar para a RTP/Açores e Antena 1, ao serviço das quais, como coordenador do desporto, dedicaste a tua vida, sim a tua vida profissional e pessoal, com grande prejuízo para a tua família, que se habitou à tua ausência, física, pois a tua honestidade como homem e como profissional, o teu sentido de família, estiveram sempre presentes, como referência para todos aqueles que contigo tiveram o privilégio de trabalhar, de partilhar a tua amizade, de aprender com a tua experiência, mesmo em situações muito difíceis: Muito mais do que isso, o teu nome ficará indelevelmente marcado à promoção e divulgação do desporto dos Açores, como exemplo de um profissional sério, isento, características que te fizeram uma das referências do jornalismo desportivo na Região, ao longo das últimas quatro décadas.
Sei que não existem pessoas insubstituíveis, que sempre foste apologista de que as pessoas passam e as instituições é que perduram, o teu espírito de humildade, fez com que a palavra Não, não fizesse parte do teu vocabulário profissional, a tudo o que te pediam, mesmo que não estivesse ao teu alcance, tentavas sempre responder de forma positiva, como também apreciavas aqueles que contigo trabalharam, e que nunca te disseram que não. Foi contigo que me iniciei no jornalismo, no jornalismo desportivo, e foi contigo que deixei de colaborar no jornalismo desportivo.
Comecei precisamente aqui no Correio dos Açores, onde já eras o coordenador do desporto, integrei contigo o projecto do Jornal do Desporto, colaborei contigo na RTP/Açores e Antena 1 Açores.
Foi contigo que se introduziu o conceito de especialização no jornalismo desportivo nos Açores, reforças-te os programas diários de informação desportiva na televisão, os debates semanais, projectos iniciados pelo teu antecessor e nosso comum amigo Carlos Tomé. Em quantas pessoas apostaste, deste a cara, lançaste na comunicação social desportiva em toda a Região! Nem tu te deves lembrar de todos. Sei que tive a sorte de ser um deles
Caro José Silva, foi contigo que o conceito do tempo, ou seja da actualidade da informação, catapultou o desporto dos Açores, para o agendamento na comunicação social regional, fazendo com que hoje cada vez mais as primeiras páginas na imprensa escrita tenham temas do desporto, bem como os noticiários regionais dediquem cada vez mais tempo à actualidade desportiva.
Sei que encaraste isto tudo com o espírito de quem gostava do que fazia, nunca de obrigação, que apreciavas o trabalho de equipa, mas houve coisas que só se conseguiram, pela tua maneira de ser, pelo teu empenhamento, pela tua responsabilidade, pela tua dedicação. Esta tua visão humana que ponhas na tua profissão, não foi reconhecida por alguns dos teus superiores hierárquicos, mas também aqui, a razão irá sobrepor – se há missão. A tua decisão não me surpreende, mas vai surpreender aqueles que só dão valor às pessoas quando as perdem.
Não quero fazer qualquer ligação de “causa-efeito” da tua decisão, até porque o teu percurso profissional vale muito mais do que fizeste ao serviço da rádio e da televisão públicas, mas fiquei arrepiado quando li o actual director, Pedro Bicudo, dizer no Açoriano Oriental que veio para os Açores em espírito de missão, uma missão que só pode ser a de mercenário, por aquilo que foi uma das grandes conquistas da nossa autonomia, a RTP/Açores, e o seu actual estado de desrespeito, que a sociedade açoriana, que foi tão por si formada e valorizada, a votou, ou seja ao abandono.
Caro José Silva, tu sabes que eu sei que tu sabes, que há pessoas cuja amizade nunca esquecemos, mesmo que estejam agora mais longe. Obrigado por tudo aquilo que me deste a aprender.
Autor: Luís Guilherme Pacheco
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