Lidera o setor de formação do Sport Clube Angrense desde há cinco anos a esta parte. O que é que mudou neste espaço de tempo?
Muita coisa. Desde logo a aplicação prática do "Projeto Coordenadores da Formação" da direção regional do Desporto. No entanto, é bom recordar que o Angrense tem um projeto para a formação, devidamente estruturado e sustentado, desde 2005, idealizado pelo professor Luís Carlos Couto (Licas). Tive conhecimento deste projeto e, no primeiro ano, o trabalho desenvolvido foi assente nos princípios e fundamentos do mesmo. Ao longo do tempo que levo como coordenador da formação do Angrense, fui modificando os conteúdos programáticos específicos, tornando o documento ainda mais valioso e direcionado para a realidade do clube e do nosso futebol, servindo, ao mesmo tempo, de guia aos técnicos que exercem a atividade na formação do Angrense.
O quadro técnico do Angrense e as condições físicas e logísticas colocadas ao serviço do clube são suficientes para pôr em prática o projeto em questão?
Podemos dizer que tem sido possível reunir as condições físicas e logísticas para colocar o projeto no terreno. No entanto, como se compreende, num projeto com esta dimensão há sempre uma falha ou outra que, dentro do possível, procuramos corrigir de pronto. No que diz respeito aos recursos humanos, o Angrense alberga nove técnicos no setor da formação. Reconheço que alguns não preenchem os requisitos necessários para o cargo, só que no nosso panorama futebolístico não há assim tantos treinadores quanto isso. A ilha Terceira possui, de facto, alguns técnicos de reconhecida qualidade, mas que, pelos mais diversos motivos, não querem estar no ativo.
O Angrense tem dominado nos últimos anos o futebol de formação na área de jurisdição da Associação de Futebol de Angra do Heroísmo. A conquista de resultados é a grande prioridade deste projeto?
Claro que não! A propósito, posso-lhe dar um pequeno exemplo: treino presentemente a equipa de juniores "C" (iniciados) do Angrense. Durante muito tempo, reinava a indisciplina nesta equipa. Em dois anos, para além de termos ganho as provas quase todas ao nível de ilha, apenas contabilizámos duas expulsões. Tudo isto deixa perceber que estamos sobremaneira preocupados com valores como a disciplina, o respeito e o rigor.
Quando cheguei ao Angrense, encontrei atletas que, independentemente das suas qualidades, tinham o hábito de falhar um ou dois treinos por semana e, ainda assim, eram sempre convocados e jogavam. Com a minha entrada no clube, é algo que deixou de acontecer. Hoje em dia, qualquer atleta do Angrense já percebeu que, para além do talento intrínseco, é fundamental o treino diário, visando o aperfeiçoamento das componentes técnicas, táticas e físicas.
É neste contexto que efetuamos avaliações regulares, tanto nos treinos como na competição. Graças a esta postura, é com agrado que notamos a evolução que os jogadores apresentam em parâmetros que consideramos decisivos, daí que, aos poucos, os resultados comecem a surgir.
P.S. Um bom exemplo para muitos clubes, para desenvolver a sua formação e, acima de tudo, aproveitar esse trabalho para dar mais qualidade e experiência ao jovem que no futuro vai estar mais bem preparado para jogar numa equipa sénior. Sport Angrense está de parabéns pelo trabalho desenvolvido e que, reflecte-se na sua equipa sénior.
Medina
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