sexta-feira, abril 27, 2012

Santa Clara: Difícil, mas acreditem

Domingo passado, fiquei com a ideia de que estava menos público no Estádio de S. Miguel do que em jogos anteriores, numa altura em que a equipa do Santa Clara precisa de grande apoio para garantir a difícil manutenção na Segunda Liga do futebol português.

Afinal, pude confirmar, posteriormente, que estiveram 664 espectadores, correspondendo à melhor assistência da época. O Santa Clara-Atlético (3.ª jornada) era o jogo com mais assistentes (619), seguido do Santa Clara-Covilhã (21.ª), com 617 pessoas. O Santa Clara-Oliveirense, realizado num sábado, foi o que teve menos pessoas (323).

Continuando no número de espectadores no Estádio de S. Miguel, constata-se que, esta época, apesar da carreira deficitária da equipa, o Santa Clara é o 12.º do “ranking” (6843 assistentes em 14 jogos), muito longe dos 20713 do Portimonense, dos 20266 do Penafiel e dos 19129 do Belenenses, mas umas centenas acima do Arouca, do União da Madeira, do Covilhã e da Naval.

Na época passada, o Santa Clara foi o último classificado no número de espectadores, com 5620 em 15 jogos. Curioso, o facto de na época de 2009/10, com a equipa a lutar pela subida de divisão até à última jornada, só 8801 pessoas assistiram aos jogos em S. Miguel.

A tendência para a diminuição de pessoas nos Estádios dos clubes portugueses médios e pequenos tem sido assustadora. Atente-se nos jogos do Santa Clara na época de 2007/08: 21585 espectadores presentes e na época de 2008/09 foram 22055 nos 15 jogos em “casa”. A queda vertiginosa acentuou-se nos últimos 3 anos, Uma situação que é transversal a vários clubes. Mesmo na Primeira Liga, Beira-Mar, Leiria, Olhanense, Nacional, Rio Ave e Paços de Ferreira estão com médias muito abaixo das épocas anteriores.

Razões para esta quebra não são, somente, relacionadas com as dificuldades das famílias devido à grave crise económica e financeira. As partidas televisionadas em excesso, com jogos em todos os dias da semana, cujos intervenientes são do melhor que há na Europa, são a causa principal para, hoje, os portugueses vibrarem mais com o Real Madrid, com o Barcelona ou com o Manchester United do que com os clubes da sua cidade, vila ou aldeia.

Mas desviei-me do assunto principal. O Santa Clara e o seu futuro na Liga Orangina.

O treinador Luís Miguel procedeu a algumas alterações no desafio com o Belenenses, dando a titularidade a atletas que não jogavam com regularidade. Percebo a intenção psicológica, mas penso não ter sido a melhor opção, apesar de o comportamento colectivo ter melhorado ligeiramente. Contudo, as deficiências lá estão. Desde o início da época. Agora são difíceis de colmatar.

Intriga-me não ver Ilic a titular há várias jornadas, ainda na “era” de Bruno Moura. Não compreendo como Edson, o melhor lateral direito na época passada ao serviço do Moreirense, justificando o ingresso no Beira Mar, não joga no Santa Clara, apesar de André Simões estar a cumprir e bem, sendo dos melhores reforços da equipa para esta época. Mas a sua polivalência pode ser útil noutros sectores.

O resultado não foi o que todos pretendiam. A vitória era importantíssima. Assim, com 32 pontos, torna-se indispensável o Santa Clara conquistar mais 3 pontos nos três jogos que faltam.

O equilíbrio neste campeonato é superior ao das últimas épocas. Repare-se que desde há seis temporadas, quando a prova regressou às 16 equipas, com 32 pontos garantiram a manutenção o Covilhã (2010/11) e a Oliveirense (2008/09). Por duas vezes não desceram equipas que fizeram 30 pontos (Portimonense, em 2006/07, e o Covilhã em 2009/10). Só uma vez, em 2007/08, o Feirense precisou de 33 pontos para manter-se na Segunda Liga.

Ora, como escrevi há uma semana, serão necessários 35/36 pontos para as equipas não descerem, esta temporada. O Santa Clara tem uma tarefa “hércula” para alcançar a manutenção, devido aos fortes adversários que enfrentará.

Mas os jogadores já deram provas de darem o máximo em jogos de grande importância e, por vezes, têm actuado melhor quando defrontam equipas superiores. É o que todos aguardam. Uma surpresa é possível no Estoril, um campo onde o Santa Clara alcança, geralmente, bons resultados.

Nós, os poucos santaclarenses que ainda gostam, sofrem e têm no clube a identidade da sua cidade, da sua ilha e do seu arquipélago, acreditam que os valorosos atletas serão capazes de nos darem a alegria da manutenção. Acreditamos.

Vocês jogadores, sei que também acreditam.


P.S. Acreditem!!!!

Medina

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